sábado, 29 de abril de 2017



"O registro, por ser um instrumento metodológico da vida pedagógica do professor(a), não pode ser olhado como uma obrigação ou exigência institucional. Cuidadosamente, um coordenador(a) pedagógico pode ajudar os professores ao exercício do registro, começando a problematizar algo ou alguma coisa do processo que acontece em sala de aula. Ou seja, problematizando o olhar do professor(a), a observação. Uma pergunta que possa gerar a observação do professor(a) e o registro dessa observação pode ser o começo desse exercício. É importante que a pergunta, o ponto a ser observado, não seja genérico; mas seja um foco específico. Não olhamos tudo de uma vez. Não registramos tudo o que acontece em sala de aula. Precisamos olhar diferentes aspectos em sala de aula: o grupo, o conteúdo, a atuação como professor…  A escolha de um aspecto, contribui para que ocorra a observação e o registro reflexivo. Afinal, observar e registrar é o percurso para a reflexão sobre o fazer pedagógico e o fazer-se educador. O registro é uma investigação. " 

 Gisa Picosque
 Arte-educadora

O papel do professor no momento do parque

Atividades na área externa fazem muito bem às crianças e devem ser contempladas na rotina diária dos pequenos. Nestes momentos eles exploram os espaços e equipamentos, escolhem seus parceiros, criam suas brincadeiras, conversam e trocam experiências. Mas e o professor, qual o seu papel neste momento? Será somente de observar as crianças evitando que elas se machuquem?

Veja o que diz o texto publicado no site Gestão escolar. 

O momento do parque também precisa de planejamento (Foto: Gabriela Portilho)
Há algum tempo, participei de uma formação numa escola com um docente da área de Educação Física com especialização em Educação Infantil. Uma das primeiras tarefas que tivemos que fazer foi um trabalho de campo para observar as crianças no momento do parque e anotar do que elas brincavam.
Ao fazer o que foi solicitado pelo formador, ficamos surpresos ao ver que a lista de brincadeiras era bem pequena:
  • Futebol;
  • Brinquedos como gira-gira, escorregador e balanço;
  • Corre-corre com tentativa de organizá-lo como jogo.
Quando voltamos para a sala, o formador havia escrito uma lista enorme no quadro e nos perguntou quais daquelas brincadeiras poderiam estar acontecendo lá fora. Respondemos que todas elas poderiam. Por que, então, não aconteciam se brincar é a atividade natural da criança?
A resposta era bem simples: elas não sabiam que aquelas brincadeiras existiam!

O momento de parque também precisa de planejamento
 Quem atua com as turmas de 1, 2 ou 3 anos sabe que precisará ensinar muitas coisas para os pequenos. Entre elas, está como fazer o movimento de impulso no corpo para a balança se movimentar, como se sentar e se segurar no gira-gira, como utilizar a gangorra… Enfim, mostrar como brincar corretamente e com segurança em todos os brinquedos disponíveis. Já vi professor fazer sequência de atividades para a turma de 3 anos aprender a pular corda. No final do semestre, todos tinham aprendido!
Muitas vezes, as crianças de 4 e 5 anos também precisam de orientação. Já vi muitas delas sem saber como subir e descer com autonomia do escorregador. E só descobrimos tudo isso observando a turma.
Portanto, para o momento do parque, é importante organizar e disponibilizar materiais variados, como bolas, cordas, petecas, giz para riscar amarelinha, entre outros. Isso também é intervenção pedagógica. Além disso, não vale ficar sempre sentado no pátio apenas conversando com os colegas e dando uma olhada para garantir que as crianças estão bem.
Isso não significa, porém, que o professor tem sempre que direcionar as atividades durante o momento do parque. É muito mais produtivo ensinar os jogos numa outra hora da rotina, como o tempo destinado ao eixo de Movimento. Uma vez que a turma tenha aprendido, certamente as brincadeiras acontecerão naturalmente.

Uma proposta de organização
O momento de parque é sempre mais bacana se as turmas estão juntas. Assim, todos os professores dividem a responsabilidade de supervisioná-las e orientá-las em determinados locais ou brinquedos. Para garantir que isso sempre aconteça, organizamos um cronograma semanal na escola (clique aqui para ver).
O mais importante é que as orientações de cada brinquedo ou espaço foram elaboradas coletivamente, com a presença de professores e estagiários, durante uma formação sobre a importância de brincar e a conquista da autonomia. Por isso, além de muito formativo, o documento é seguido rigorosamente por todos os educadores.
E na sua escola, existe um planejamento para o momento do parque? Compartilhe conosco!

Abraços, Leninha

Fonte: Gestão Escolar. Publicado em  21 de Outubro 2014. Texto adaptado por Heloisa Pedroza Lima.

domingo, 16 de abril de 2017

Falando de autonomia

Quando damos autonomia às crianças, há um impacto positivo na função executiva, um dos pilares do desenvolvimento cognitivo. Essa função engloba a memória de trabalho, raciocínio, capacidade de resolução de problemas e flexibilidade de tarefas, além da capacidade de planejamento e execução de atividades.
Você pode até achar exagero dar autonomia ao bebê desde pequeno. Mas trata-se de um processo gradual, que vai se desenvolvendo à medida que ele realiza novas conquistas e adquire condições que contribuem pouco a pouco para que ele se torne independente. “Nós não ‘damos’ autonomia a uma criança, nós vamos ensinando e deixando que ela tente resolver questões, situações e conflitos nos quais houve uma orientação prévia, para que possamos reforçar os conceitos educativos e valores morais ensinados anteriormente. Neste sentido, a escolha da criança não é autônoma, mas supervisionada por pais ou responsáveis”, explica a psicóloga Rita Calegari, do Hospital São Camilo (SP).
Por isso, não se assuste: incentivar essa independência da criança é muito diferente de deixá-la tomar decisões e fazer escolhas por conta própria. “Esse estímulo desde bebê é extremamente desejável. Para um desenvolvimento psicológico saudável é necessário que se interaja com o ambiente e que este o desafie, isto é: propor à criança situações que estimulem a busca ativa por soluções”, explica o psicólogo e neurocientista Hudson de Carvalho, do Código da Mente. 
Isso quer dizer que você deve estar ao lado da criança, orientando no que for possível, incentivando a realização de tarefas e propondo novos desafios, sempre permitindo que ela supere seus limites e explore o ambiente, dentro do que for seguro. “Dar espaço e oportunidade ao bebê é um ato de amor, cuidado e desprendimento”, explica o psicólogo Hudson.

Fonte: http://revistacrescer.globo.com
Texto adaptado por Heloisa Pedroza Lima 
Imagem da Net

O Brincar.



De que forma você oportuniza às crianças de sua turma?
A Educação Infantil ocupa um lugar de destaque na vida das crianças, pois é neste período de tão importantes aquisições, que as crianças são inseridas no universo escolar e a qualidade do trabalho desenvolvido no interior das instituições pode ser decisiva para assegurar a elas o direito de brincar, como forma particular de expressão do pensamento, interação e comunicação infantil.
Garantia do Brincar na rotina
A prática pedagógica permeada pelo brincar possibilita ao professor aproximar-se do mundo da criança e a observá-la com mais propriedade, possibilitando intervenções cuidadosas em relação ao ato de brincar. Quando o educador compartilha uma brincadeira ou jogo com a criança, ele poderá ajudá-la a enfrentar eventuais insucessos, estimular seu raciocínio, sua reflexão, criatividade e autonomia, ou seja, quando o professor brinca junto com a criança, pode criar diversas situações que estimulam o seu desenvolvimento, a sua inteligência e afetividade.
Segundo Wajskop (1999), conhecer como e por que as crianças brincam é um caminho seguro para uma prática educativa que respeita o seu fazer lúdico. A observação atenta das brincadeiras e o respaldo teórico colaboram para que as intervenções dos educadores sejam apropriadas. 


As intervenções do professor
As intervenções por parte dos professores podem ser diretas ou indiretas. As intervenções indiretas dizem respeito à organização dos espaços, à seleção de materiais, ao gerenciamento do tempo para realização da atividade, bem como a avaliação e a observação. Já as intervenções diretas se dão na atuação do professor como mediador, facilitador, parceiro mais experiente, aquele que propõe novas idéias, compartilha, gerencia o tempo e a duração da brincadeira, intervindo nos momentos de conflitos, dando autonomia às crianças, respeitando e aceitando as diferentes formas de participação nas brincadeiras e atuando como modelo para as crianças.
Dessa forma, a intervenção do professor na organização dos diferentes espaços e tempos para ampliar as oportunidades de vivenciar as brincadeiras exige um planejamento que considere o caráter essencialmente lúdico das vivências infantis. Brincar, como a principal linguagem da infância, compreende um espaço de práticas que envolvem jogos, brinquedos e brincadeiras que garantem à criança o direito de se comunicar, de interagir, de aprender, de viver e conviver.
O espaço da sala
O espaço interno da sala deve ser organizado de forma a descentralizar a figura do professor, propiciar a autonomia das crianças e a interação entre elas. Esta organização se reflete no comportamento e nas formas de ação das crianças, que passam a se localizarem melhor em um ambiente organizado.


A variedade de Brinquedos 
Também é importante a variedade de brinquedos existentes na instituição, possibilitando a diversificação do trabalho. Também o espaço do berçário deve ser organizado de forma cuidadosa em relação ao tipo e quantidade de brinquedos expostos e o acesso das crianças, levando-se em consideração o período em que elas ficam na instituição. Deve-se ofertar uma variedade de brinquedos e objetos desafiadores, que estimulem o seu desenvolvimento para além da ação do professor.
Mesmo as crianças bem pequenas devem ter livre acesso aos objetos e estes devem ser organizados e disponibilizados à altura das crianças, de forma que elas possam escolhê-los. A utilização dos brinquedos se dá de acordo com a organização da rotina e o planejamento do professor, como também os horários institucionais para uso do pátio, recreio e brinquedoteca.
Assim é o papel do professor:
·         Organizar o espaço interno da sala, de forma a descentralizar a figura do professor, proporcionando a autonomia das crianças e a interação entre elas;
·         Criar espaços que permitam atividades livres, significativas e prazerosas, que possam ser realizadas através do brincar, de brincadeiras e de jogos;
·         Organizar espaços, tempos e materiais para o brincar;
·         Possibilitar que as crianças brinquem em diferentes espaços internos e externos e mesmo fora da instituição;
·         Possibilitar que as crianças escolham com quê, como e com quem brincar;
·         Encorajar a participação de todas as crianças nas brincadeiras;
·         Interagir e mediar conflitos durante as brincadeiras;
·         Ter sempre uma atitude atenta e observadora sobre as ações e falas das crianças durante as brincadeiras;
·         Possibilitar que as crianças explorem diversos objetos, materiais e brinquedos;
·         Oferecer um acervo de qualidade, espaços organizados e seguros, que oportunizem a criação e a imaginação;
·         Favorecer às crianças a capacidade de imaginar, de transformar uma coisa em outra;
·         Envolver-se nas brincadeiras das crianças;
·         Oportunizar momentos de conhecimento e de convivência entre as crianças;
·         Criar oportunidades para que as crianças construam suas próprias brincadeiras;
·         Investigar junto às famílias, as brincadeiras dos tempos atuais e de sua infância, trazendo-as para a escola;
·         Observar e registrar suas observações sobre as formas de brincar das crianças, para melhor conhecê-las e intervir, quando necessário;
·         Coletar e registrar as brincadeiras das crianças, para enriquecê-las em futuras oportunidades;
·         Construir brinquedos com as crianças;
·         Brincar junto com as crianças;
·         Propiciar situações para as crianças lidarem com as regras;
·         Criar oportunidades de interação entre crianças menores e maiores, nos jogos e brincadeiras.

Fonte: Proposta Curricular da Educação Infantil - Prefeitura Municipal de Nova Lima
Texto adaptado por Heloisa Pedroza Lima

História: O coelhinho distraído


Esta é a história de Melzinho, o coelhinho distraído.
Nos campos cheios de flores e cheiros deliciosos de uma floresta, um coelhinho pequenino e muito simpático, chamado Melzinho, vivia com os seus irmãos. Todos gostavam dele, mas ele tinha um defeito… era muito distraído! 

Numa tarde que estava quente, depois de Melzinho ter almoçado com os seus irmãos, teve vontade de sair da toca para ver se encontrava alguma fruta doce e apetitosa. Andou um pouco e sentiu aquele soninho que dá depois de comer. Deitou debaixo de uma árvore de amoras, fechou os olhos e deixou para comer as frutinhas depois.

Um lobo faminto, que também morava na floresta, passeava perto da amoreira e percebeu o coelhinho dormindo. Não percebendo que um lobo esfomeado rondava por ali, Melzinho continuou a dormir. O lobo foi então se aproximando de Melzinho, pé ante pé, procurando não fazer barulho.

Uma gralha que voava naquela direção, percebeu o que o lobo esfomeado queria fazer e pousou em um dos ramos da árvore de amora, gritando e fazendo um barulho tão alto que acordou o coelhinho dorminhoco.

Quando viu o lobo tão perto de si, o coelhinho ficou tão assustado que deu um salto e correu o mais depressa que conseguiu para sua toca, encontrando os seus irmãos. Então, todos fecharam a porta à chave e colocaram uma tranca atrás da porta, no caso de o lobo tentar entrar na casa deles. Felizmente o lobo não encontrou a casa dos coelhos e foi para outro lugar.

Depois do grande susto o coelhinho Melzinho, convidou a gralha para conhecer a sua casa e seus irmãos. Ficou muito amigo da gralha que sempre acompanhava o coelhinho nos seus passeios. E quando percebia que o amigo ia dormir na floresta, soltava seus gritos altos e acordava o distraído. A melhor coisa que lhe aconteceu foi ter ficado amigo da gralha que passou a acompanhá-lo nos seus passeios e nunca mais o deixou dormir fora da sua toca.

Fonte: Adaptado por Heloisa Pedroza Lima - Blog Tempo de Creche